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Burnout, esgotamento da Pandemia ou só o final do ano mesmo?


Os últimos dias do ano começam a se aproximar e com eles chegam as constatações sobre o cansaço que se acumulou durante os meses anteriores. Costuma-se dizer que a energia parece estar se esgotando. Na medida que o ano vai chegando ao fim, parece que nossas forças também estão se esvaindo.  Será que é só cansaço ou existem outros fatores que merecem nossa atenção para que essa sensação de esgotamento e fadiga estejam tão presentes nessa época? Você já ouviu falar sobre Síndrome do Burnout? Após conferência realizada pela Organização Mundial da Saúde, realizada em 2019, a Síndrome de Burnout deixou de ser considerada como um problema de saúde mental e um quadro psiquiátrico e passou a ser descrita como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”, tendo sua definição já alterada na nova Classificação Internacional de Doenças – CID 11, que entra em vigor a partir de 01 de janeiro de 2022.

Cabe destacar que a CID é uma das principais ferramentas epidemiológicas do cotidiano médico e tem como principal função monitorar a incidência e prevalência de doenças, através de uma padronização universal das doenças, problemas de saúde pública, sinais e sintomas, queixas, causas externas para ferimentos e circunstâncias sociais, apresentando um panorama amplo da situação de saúde dos países e suas populações.


E quais são os sintomas relacionados à Síndrome de Burnout?

  • sensação de esgotamento ou exaustão de energia;

  • aumento da distância mental do trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao trabalho;

  • sensação de ineficácia e falta de realização

O Burnout refere-se especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida, ainda que algumas pessoas venham popularmente se referindo à um termo “Burnout Emocional” – que caracterizaria esse esgotamento emocional, inclusive o do final do ano – um burnout emocional não relacionado ao trabalho não está na CID-11. Com essas informações, vamos refletir: desde o início de 2020 o mundo passou a viver uma pandemia e nesse cenário o mundo do trabalho precisou se reorganizar. Independente do quanto cada um de nós estivesse preparado ou não para as mudanças, elas tiveram que acontecer para que empresas e empregos pudessem ser mantidos. Cada indivíduo precisou encontrar meios de lidar com a situação, seja para manter-se empregado ou para ter uma fonte de renda. Neste contexto, trazer a compreensão de que a Síndrome de Burnout deixa de ser uma classificação unicamente médica e se torna “fenômeno relacionado ao trabalho”, faz pensar sobre o quanto o esgotamento que muitos de nós estamos sentindo é realmente inerente as sensações de final do ano, acúmulo de problemas e desafios de várias ordens ou se tem direta relação com os problemas gerados e associados ao emprego ou desemprego. É importante saber diferenciar o que está diretamente relacionado com a vida profissional, trazendo à luz o novo entendimento da OMS, pois muitas vezes, ao sentir que nossa eficácia está reduzindo, buscamos incessantemente voltar ao padrão de entrega de resultados que estamos acostumados. Acreditamos que o problema é unicamente nosso (nossa culpa) e que precisamos resolver para que nossa performance se mantenha e nossa vida profissional atenda aos padrões que julgamos ser necessários. Sim, é responsabilidade de cada um cuidar da própria saúde mental, reconhecendo seus limites e os respeitando. Porém, a responsabilidade também é das instituições, pois zelar pela saúde mental tem natureza coletiva, uma vez que os processos de trabalho influenciam diretamente na qualidade de vida profissional. Neste sentido, fica o convite para refletir sobre o quanto a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida estão sendo promovidas pelas organizações, quando a demanda que recai sobre os profissionais os obriga a romper os próprios limites para atender expectativas, muitas vezes irreais, de entrega de resultados e profissionalismo.   Se por um lado é importante que tenhamos, individualmente, atenção ao quanto queremos, podemos e devemos produzir para que o trabalho não se torne uma fonte de frustração e esgotamento que nos afaste de nossas atividades, também é importante que os locais de trabalho estejam atentos a forma como fazem a gestão do trabalho de seus colaboradores. Resultados são importantes, mas eles não existem sem as pessoas que os produzem.


Texto por: Márcia Hentschke Machado

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Tags: Clínica Psicológica; Clínica de psicologia; Psicoterapia; Avaliação Psicológica; Avaliação Neuropsicológica; Psiquiatria; Avaliação Psiquiátrica; Psicólogo; Psicóloga; TCC; Terapia cognitivo-comportamental; Terapia do Esquema; Terapia Focada em Esquemas 

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